terça-feira, 9 de março de 2010

FOME ANIMAL (1992)



Qual o primeiro filme realmente sangrento da historia do cinema? Alguns apontam o raro e esquecido Banquete de Sangue (Blood Feast, 1963), de Herschel Gordon Lewis, como o marco inicial do splatter-gore, estética cujo objetivo primordial é chocar e nausear o público de forma explícita e direta, com sangue, restos humanos e animais e uma infinidade de outras porcarias em profusão verdadeiramente delirante; outros sugerem como o começo de tudo o brutal e avassalador O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974), de Tobe Hooper, talvez porque seja menos ingênuo e mais bem elaborado tanto do ponto vista gráfico quanto conceitual; outros, ainda, imaginam que esse posto bizarro deve pertencer ao não menos violento e arrasador Zumbi, O Despertar dos Mortos (Dawn of Dead, 1979), de George Romero. E a questão, como tudo o mais, vai ainda mais longe do que isso.





Parece ponto de comum acordo, entretanto, que o auge dessa estética agressiva que remodelou a maneira de se contar/mostrar uma história de horror foi a saudosa década de 1980, e isso por dois excelentes motivos: a adaptação e aceitação do público a essa nova modalidade e a revolução dos efeitos especiais. O público resolveu que queria ver sangue e os cineastas concluíram que tinham como proporcionar isso de forma convincente. Assim, a década se iniciou forte, com dois clássicos absolutos do gênero: O Enigma do Outro Mundo (The Thing, 1982), de John Carpenter, e A Morte do Demônio (The Evil Dead, 1981), de Sam Raimi. O primeiro representava, além do horror cru, direto e antiestomacal, a ficção científica, provando que os tempos haviam realmente mudado; e o segundo representava o horror negro, diabólico, entremeado de humor com toques de paródia e autogozação, provando que os tempos não só haviam mudado, mas haviam mudado muito. A década foi sanguinolenta, principalmente na Itália. Uma prévia do que estava por vir, porém.


Em 1992, o diretor neozelandês Peter Jackson resolveu que faria um filme que sintetizaria tudo o que fora visto até então no cinema de horror explícito. E conseguiu. Não acho que seja possível ir além de Fome Animal (Braindead) em matéria de extrapolação splatter-gore e escatologia hiper-realista. Jackson já havia tentado algo semelhante antes, com os filmes Trash, Náusea Total (Bad Taste, 1987) e Meet the Feebles (1989, inédito por aqui); o primeiro relatava uma invasão alienígena hostil em busca de carne humana para saciar a fome incontrolável dos tais invasores, e o segundo, uma sátira impiedosa aos filmes de bonecos animados estilo Muppet Show, com escatologia e sexo bem humorados. Ambos os filmes, embora sangrentos e agressivos, no entanto, eram toscos e praticamente experimentais, sem um acabamento definido e com idéias pouco ambiciosas. Com Braindead (que também é conhecido como Dead Alive) a coisa foi muito mais ousada e criativa.











Sinopse:
A mãe de um rapaz muito tímido é mordida por um macaco-rato de Sumatra, fica doente e morre, mas retorna como um zumbi matando e comendo animais e pessoas. O filho tenta esconder o fato, principalmente da moça por quem está apaixonado, mas a peste se alastra rapidamente e ele vê sua casa ser invadida por uma legião de mortos-vivos.

















Elenco:


Timothy Balme .... Lionel Cosgrove
Diana Peñalver .... Paquita Maria Sanchez
Elizabeth Moody .... Vera Cosgrove
Ian Watkin .... Tio Les
Brenda Kendall .... Enfermeira McTavish
Elizabeth Brimilcombe .... Mãe do Zombie
Stuart Devenie .... Padre McGruder
Jed Brophy .... Void
Stephen Papps .... Zombie McGruder
Peter Jackson
Frances Walsh


Informações Técnicas:

Título Original: Dead Alive

Gêneros: Terror, Comédia
Tempo de Duração: 104 minutos
Ano de Lançamento (Nova Zelândia): 1992
Estúdio: New Zealand Film Comission / WingNut Films
Distribuição: Trimark Pictures
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Stephen Sinclair, Frances Walsh e Peter Jackson, baseado em estória de Stephen Sinclair
Produção: Jim Booth
Música: Peter Dasent
Fotografia: Murray Milne
Desenho de Produção: Kevin Leonard-Jones
Direção de Arte: Ed Mulholand
Figurino: Chris Elliott
Edição: Jamie Selkirk

  • NOTA: 8,5

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